Educadora Luciana Dornelles Ramos faz reflexões sobre a obra “Como ser um educador antirracista” para profissionais do João XXIII

Na noite desta quarta-feira (08/11), a Equipe Técnica convidou a educadora Luciana Dornelles Ramos para uma conversa com todos os profissionais da Escola sobre o livro “Como ser um educador antirracista”, de Bárbara Carine. No mês de outubro, todos profissionais receberam um exemplar da obra em alusão ao Dia do Educador. 

Luciana iniciou o encontro contando sobre sua experiência ao conhecer a autora do livro, quando esteve em Salvador, e sobre como foi visitar a Escola Afro-brasileira Maria Felipa, a primeira escola afrocentrada do Brasil. A iniciativa de utilizar uma pedagogia que faz pensar em outros caminhos para a educação, potencializando a subjetividade de cada criança e buscando trazer os conhecimentos a partir da cultura africana, surgiu depois de Bárbara Carine adotar sua filha. 

Ao longo do encontro, a educadora gaúcha foi destacando alguns capítulos do livro e discorrendo sobre eles. Uma das primeiras iniciativas que Bárbara Carine teve foi a de perceber que, para ter uma educação antirracista, ela precisava de todo corpo escolar junto na causa. Para isso, era preciso promover sistematicamente formações para todos os educadores da Escola Maria Felipa: professores, assistentes do Financeiro, da Limpeza, Direção, Psicóloga, pois “todas as pessoas que atuam no interior de uma Escola são educadoras”.  

Outro assunto abordado por Luciana, que está concluindo doutorado pela UFRGS, foi o Pacto da Branquitude, assunto também pontuado no livro de Bárbara Carine. Com alguns exemplos, Luciana foi explicando como ainda é difícil falar sobre isso, especialmente com as pessoas brancas, que se sentem “apontadas”. Mas a branquitude não é necessariamente sobre a cor da pele, e sim sobre os acessos que a cor da pele garante, como Bárbara explica no livro. “Quando falamos que a pessoa branca tem o privilégio, não estamos dizendo que elas não sofrem, não têm seus perrengues, mas estamos dizendo que elas nunca passaram quaisquer percalços por conta da cor da sua pele. Isso é ter privilégio. É sair de casa sem se preocupar se pegou documento ou se será parado pela polícia. Isso é um privilégio”, exemplificou Luciana. 

Luciana falou ainda sobre como as pessoas brancas não são racializadas. “Por mais que a branquitude tenha criado o conceito de raça, essas pessoas se veem e se projetam no lugar de ‘ser genérico’, ‘de ser universal’; elas em si são a representação do humano; racializados são os outros, os afastados da humanidade padrão, são ‘os menores’, os ‘menos humanos’”, conforme explicita a autora na página 36 do livro “Como ser um educador antirracista”. Neste momento do encontro, Luciana convida os profissionais a refletirem sobre o papel do professor branco para a construção de uma educação antirracista. 

Ela também apresentou alguns vídeos extraídos do Instagram de Bárbara @umaintelectualdiferentona  sobre o lugar de fala. Bárbara usa como exemplo um assalto a um ônibus. Cada pessoa que estiver envolvida no cenário falará de um lugar sobre a situação, o cobrador, o motorista, as pessoas que estavam no ônibus e até mesmo o pedestre que presenciou a cena. Com esta analogia, Bárbara mostra que todos têm um lugar de fala e ressalta que quem está fora do ônibus não poderá falar do lugar do cobrador, por exemplo. 

Ao final do encontro, Luciana, assim como Bárbara Carine, afirmou que é preciso celebrar a diversidade, que possamos nos abrir à possibilidade de construir diferentes formas de ser e viver e de  celebrar isso. Assim, reiterou a importância do papel da escola e dos educadores para a construção de uma um mundo efetivamente plural. 

Sobre Luciana Dornelles Ramos

Professora antirracista – é graduada em Educação Física, Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e é especialista em “Atividade física adaptada e saúde” pela Universidade Gama Filho. Mestra em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.  Atualmente é doutoranda em Educação pela UFRGS.ul. Atualmente é doutoranda em Educação pela UFRGS.

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