Desde fevereiro duas estudantes têm frequentado as aulas da 2ª Série do Ensino Médio. O intercâmbio é promovido pela ONG AFS Intercultura.
Cinzia Rizzi e Sonia Falcocchio são colegas na turma de 2ª Série (E) do Colégio João XXIII. Juntas, elas chegaram há pouco mais de um mês no Brasil, em um intercâmbio High School pela ONG AFS Intercultura, com duração de seis meses. A escolha pelo Brasil não foi por acaso, elas fizeram uma lista de países e acreditam que as possibilidades aqui são maiores.
Cinzia é natural de Barletta, na região da Puglia, parte sul da Itália; já Sonia é de Milão, uma metrópole ao norte do País, na região da Lombardia. Aqui no Brasil, Cinzia está hospedada na casa de uma família que mora na Cidade Baixa e Sonia no Bairro Teresópolis. Ambas as famílias voluntárias têm filhos estudando no Colégio João XXIII, o que impera para a adaptabilidade das estudantes nesse novo contexto sociocultural.
“No norte as pessoas não são calorosas. Aqui tem muita abertura para nos conhecer. Em Milão as pessoas são mais individualistas”, diz Sonia sobre as diferenças culturais. Para Cinzia o cenário é um pouco diferente, “Para mim no sul as pessoas são muito mais calorosas, as pessoas da minha idade não têm muita diferença com o Brasil, mas as pessoas mais velhas acho que aqui são mais calorosas”, salienta.
As jovens contam que a estrutura das escolas italianas é bem diferente da estrutura brasileira. Para se ter uma ideia, lá os estudantes terminam o Ensino Médio com 18/19 anos, e não com 17/18 anos, como é aqui no Brasil, e as fases são divididas em Educação Infantil ou Pré-Escola (Asilo), Escola Primária (Elementare), Escola Secundária (Media e Superiori) e Escola Superior (Universitá).
Além disso, as opções de escolas para o que entendemos por Ensino Médio na Itália são chamadas de “liceos” e podem ser no modelo científico ou clássico, que são os mais tradicionais. Há também o musical, o artístico, o esportivo e o linguístico. Outro ponto interessante é que as melhores instituições de ensino da Itália são públicas. No país de origem, ambas estudam em liceos científicos: Cinzia tem aulas de latim e Sonia estuda informática.
O dia a dia do João XXII, quando comparado com a realidade das escolas que as estudantes já frequentaram, causa diversas sensações. Uma delas é a relação professor e estudante:
“A escola italiana é mais formal, não chamamos os professores pelos nomes, apenas pelos sobrenomes, e eles também nos chamam assim. A relação é um pouco mais distante”, salienta Sonia. Já Cinzia relembra um episódio um tanto engraçado que viveram no primeiro dia de aula de Educação Física, “Eu já tive professores que chamavam pelo nome e sobrenome, mas o mais comum é pelo sobrenome. O contato físico também é diferente. O professor de Educação Física nos cumprimentou com um soquinho (na mão) no primeiro dia e nós não tínhamos entendido”, finaliza Cinzia.
As intercambistas também pontuaram aspectos que as surpreenderam negativamente no país, como a desigualdade social evidente, a falta de segurança, o contato com a violência e o salário mínimo, que é mais baixo do que o italiano. Também salientaram que na alimentação brasileira, diferentemente da Itália, o arroz e o feijão são equivalentes ao pão, que sempre acompanha as refeições italianas, e em alguns casos vários tipos de massas.
Ao final da conversa, encerraram falando sobre as pizzas da Itália e as brasileiras. “As pizzas de lá são muito melhores, o queijo que vocês chamam de mussarela não parece a mussarela italiana, chamaríamos até de artificial”, finalizaram aos risos.
Como recado aos estudantes brasileiros, elas gostariam de salientar que o percurso para se ter acesso à bolsa de estudos da ONG é longo, difícil, mas não impossível. O processo conta com prova, teste de proficiência, cursinho básico de ensino da língua do país/destino do intercâmbio e uma carta e vídeo entre o estudante e a família voluntária. Para mais detalhes, acesse o site: https://www.afs.org.br/educacao/
Intercambistas no João
O Colégio João XXII é mantido pela Fundação Educacional João XXIII, certificada como Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS na área de educação, desta forma ofertando bolsas de estudo, conforme vagas disponíveis. Com relação às bolsas destinadas aos intercambistas, o Colégio cobre o valor do Ensino (mensalidade escolar), ficando por conta da família do intercambista, agência, programa ou família hospedeira os demais custos de alimentação, transporte, material e atividades de campo.
O primeiro contato da agência ou família brasileira com o Colégio se dá pela Secretaria Escolar, que verifica a disponibilidade de recebimento dos/as estudantes. A partir deste momento, a Direção Pedagógica e a Coordenação do Núcleo verificam a disponibilidade de vagas, turmas e o período do intercâmbio. Após autorização, a Secretaria encaminha os documentos de aceite e os demais documentos necessários para a concessão da bolsa.
A Secretaria ainda conta que o Colégio recebe intercambistas desde 2005. O primeiro estudante foi da Finlândia e estudou na 2ª e 3ª série do Ensino Médio; de Março a Julho de 2009 o Colégio recebeu um estudante da Alemanha, na 2ª série; já em 2011 foi um estudante do Estados Unidos (EUA), também na 2ª série.
Em 2016 o Colégio recebeu no 6º ano do Ensino Fundamental uma estudante da Alemanha, no mesmo ano também recebeu uma estudante de Joãozinho Legal (turno inverso) – 2º ano. Em 2018 e 2019, uma estudante da Alemanha estudou na 1ª e 2ª séries do João, e em 2019 e 2020 uma estudante da Itália, na 2ª e 3ª série. Em 2021, em virtude da pandemia, não tiveram intercambistas na Escola.