Quem circular pela avenida central do Colégio João XXIII poderá acompanhar de perto a diversidade biológica e cultural do Pantanal Mato-Grossense, pelas sensíveis lentes dos fotógrafos Daisson Flach e Douglas Fischer. A exposição “Pantanal: Beleza Ameaçada” é fruto de uma relação de amizade entre os fotógrafos e de respeito ao patrimônio nacional, que é peça fundamental no equilíbrio do meio ambiente e dos biomas brasileiros.
Para entendermos o significado dessa exposição para os fotógrafos, Daisson explica que ele e Douglas são amigos há 45 anos. Douglas sempre esteve vinculado à fotografia e foi o grande incentivador. “Ele é meu padrinho na fotografia”, comenta Daisson. Conversando sobre fotografia, Daisson recordou uma viagem que fez ao Pantanal muitos anos antes. O ambiente, o bioma e as riquezas das paisagens deixaram lembranças vivas na sua memória. Surgiu, então, a ideia de organizar a primeira expedição fotográfica da dupla ao Pantanal.
É um bioma realmente impressionante pela peculiaridade, pela diversidade e pela quantidade de fauna que se encontra no Pantanal – sempre estudei o Pantanal e sempre estive interessado. Ao realizar essas viagens periódicas, criei uma proximidade com moradores, guias pantaneiros e proprietários de pousadas locais. Aprendendo sobre a natureza. É um bioma frágil e ameaçado e que precisa de atenção. Ele é fundamental e seu ecossistema não está funcionando devidamente. O pantanal é a maior planície alagável do mundo e, nos últimos tempos, não tem alagado mais por falta de água – explica o Advogado e fotógrafo, Daisson Flach.
O ciclo das águas, seca e cheia, são fundamentais para o equilíbrio do bioma. Com pouca chuva, o Pantanal está secando, as queimadas descontroladas têm sido causa de grande preocupação. As razões são múltiplas e complexas, muitas delas ligadas a comportamentos humanos e falta de efetiva gestão ambiental.
A exposição
A Exposição “Pantanal: Beleza Ameaçada” é uma seleção de fotos realizadas nessa imersão pela natureza em duas expedições realizadas. Na primeira expedição, os fotógrafos ingressaram pelo Mato Grosso, indo até Porto Jofre, no final da estrada-parque Transpantaneira. Na segunda viagem, exploraram a região do Pantanal de Corumbá, no Mato grosso do Sul.
Daisson cita que sempre há novos caminhos e novas regiões a conhecer, já estudam uma expedição à Serra do Amolar, parte mais alta do Pantanal. Ele conta ainda que estar no Pantanal é algo indescritível, e que para fotografar os animais, é necessária muita paciência, integração e atenção.
Outro aspecto que também foi levantado pelo advogado é sobre a importância da preservação desse Bioma e o quanto tudo na natureza está correlacionado, por isso os problemas das queimas no Pantanal automaticamente influenciam em outros biomas brasileiros e no meio ambiente como um todo. Por sua vez, o desmatamento na Amazônia é também um dos fatores que influenciam no declínio das chuvas no Pantanal.
Em sua última ida ao Pantanal, em 2020, no período que estava ocorrendo alguns focos de incêndio na Região e nas proximidades, percebeu uma atmosfera de fumaça no ar. Um dos painéis que estão expostos no Colégio, onde há um Tuiuiú e um Gavião Caboclo, “na fotografia do Gavião, nota-se que há uma nebulosa branca no plano de fundo, que é em decorrência da fumaça dos incêndios”, salienta.
Fotografia ao ar livre
Antes da exposição chegar ao Colégio João XXIII, ela esteve por dois meses a céu aberto no Viaduto da Avenida Borges de Medeiros, no Centro de Porto Alegre. O convite veio de Marco Monteiro, curador da Galeria Escadaria. Douglas, então, propôs expor seus registros em parceria com Daisson. A proposta era impactar com a beleza colorida e viva do Pantanal, criando contraste em meio a cidade cinza de pedra. Convidando os habitantes da Capital a um encontro inesperado e afetivo com a riqueza natural brasileira. Apoiadores de primeira hora foram essenciais para que a exposição acontecesse.
Mesmo expostos a céu aberto, no Centro da Capital, com livre acesso dia e noite, Daisson relata que os painéis ficaram intactos ao final da exposição, mostrando que o público preza e valoriza a arte pública e democrática.
“E trazer a exposição para o João foi mais uma possibilidade de informar e apresentar o Pantanal para toda a Comunidade Escolar”, explica Daisson, que também é pai da Escola. Diversas turmas do Colégio já visitaram a exposição como projeto de sala de aula.
Acompanhe abaixo algumas das fotos que estão expostas no João: