Na última segunda-feira (05/07), a Comunicação, com apoio da equipe técnica do Colégio João XXIII, propôs à comunidade escolar um debate com profissionais de diferentes vinculações para compreender o atual panorama da pandemia no brasil, a fim de pensar dimensões estratégicas para o campo da Educação. A live “Educação e Pandemia” recebeu a mediação do psicólogo institucional, Cristiano Hamann, e foi transmitida pelo Núcleo de Informática da instituição.
O epidemiologista, pesquisador, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e coordenador do EPICOVID-19, Pedro Hallal, iniciou sua explanação apresentando a complexidade do momento atual, com o processo de luto recorrente e a importância da vacinação. “Em vários lugares do mundo a pandemia não é o assunto principal do dia. Vai passar! O problema é que no Brasil vai demorar mais. E uma das coisas centrais para que esse momento passe é a vacina”, salienta.
Um dos aspectos apresentados por Pedro Hallal, que coloca o Brasil no epicentro da pandemia, é a taxa de mortalidade da Covid-19. A cada 1 milhão de pessoas, 500 mil é a mortalidade por Covid-19 em outros países, mas no Brasil esse número é maior. “Aqui no Brasil a mortalidade é de 2.450 por 1 milhão, é cinco vezes maior do que o resto do mundo. No Brasil, 80% das pessoas que morreram não precisariam ter morrido se estivéssemos na média mundial, em outras palavras, 400 mil vidas foram perdidas a mais do que seria esperado”, salienta o médico. Outro ponto importante é que, para o médico, o país teria que aplicar um milhão e meio de doses de vacina por dia para conseguir imunizar a população.
Membro do Centro de Operações de Emergência Escolar Local (COE E – Local) e médico intensivista do Hospital de Clínicas, Rafael Barberena Moraes, apresentou todo o cuidado coletivo que é feito no Colégio desde o retorno das atividades presenciais, bem como os protocolos de saúde adotados pela instituição. Uma das perspectivas apresentadas, é de que, em agosto, 100% do quadro de profissionais do Colégio já estejam imunizados.
“A apresentação dessa doença é bastante variada, embora alguns sintomas sejam específicos, como a falta de paladar ou de odor, que são menos comuns em vírus respiratórios. É por isso que neste COE E – LOCAL optamos por ser extremamente sensíveis, perante qualquer sintoma a gente prevê afastamento por duas semanas ou testagem dessas pessoas, como medida de proteção coletiva”, afirma Rafael em resposta à comunidade escolar quanto ao afastamento de estudantes e profissionais do Colégio.
Segundo a médica e epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento, Eliana Márcia Da Ros Wendland, o afastamento das crianças do ambiente escolar no início da pandemia causará um “distúrbio”do qual ainda não se tem estudos o suficiente, porque o Brasil e o Rio Grande do Sul foram os lugares onde aconteceram os maiores afastamentos. “Depois de um ano e meio de pandemia, sabemos o que existe nas crianças em termos de transmissão, de letalidade, e gravidade. Mas, eu acho que a gente sabe muito pouco dos danos que essas crianças sofreram por causa do distúrbio na atividade escolar”, argumenta.
Professor de Ciências e Biologia no Colégio João XXIII, Guy Barcellos, fez uma fala sobre o ambiente educacional do João e os desafios de ser educador nesse contexto pandêmico. “A escola é talvez um dos lugares mais importantes da sociedade, mas não por ser um lugar de construção do saber enciclopédico, mas por ser este lugar de acolhimento e que está aberto à dialogicidade, que está aberto a possibilidade de uma construção que atenda aos tensionamentos e que reconheça que os erros não devem ser punidos, os erros devem ser uma potente ferramenta para nos tornar um pouco melhores e para seguir nesse processo de humanização que envolve caminhos, descaminhos e sinuosas caminhadas no mundo da educação”, salienta.
Finalizando a noite de apresentações, Andréa Fachel Leal, professora de Políticas Públicas e de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), iniciou sua fala fazendo uma singela homenagem a Mirelle Barcos, mãe e membro da comunidade escolar do João, que faleceu de Covid-19 em 2021. E, também argumentou sobre as nuances de ser professora e cientista social em uma Universidade Pública. “A gente está vivendo um momento muito complexo e do ponto de vista científico, por um lado vimos como a ciência é importante e por outro vimos o desmonte de políticas públicas importantíssimas para o nosso país. O incentivo à pesquisa, o financiamento de pesquisas cientificas e, por outro lado, a importância do Sistema Único de Saúde (SUS)”, salienta Andréa.
Durante o encontro, os palestrantes foram respondendo perguntas feitas previamente pela Comunidade Escolar, a fim de sanar as dúvidas e aproveitar a abordagem de cada seguimento do saber.
Assista a live através do link: https://www.youtube.com/watch?v=jndsnRP51mY