… ex-estudante Lívia Radajeski
Atualmente a nossa ex-estudante Lívia Radajeski, cursa o 6º semestre de fisioterapia na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), é vice-presidente da Liga do Câncer na faculdade e participa do grupo de estudos de pesquisa em pediatria. A Lívia se identifica e tem mais afinidade com a área hospitalar oncológica e em cuidados paliativos.
“Ainda estou tentando me encontrar em alguma área da fisioterapia e do que pretendo seguir depois de formada. Tenho vontade de ajudar as pessoas e isso é o que mais me motiva.”
A Lívia sempre foi muito apegada às pessoas e na infância surgiram os primeiros vínculos, as primeiras amizades. E, o Colégio teve grande influência nisso, proporcionando momentos de integração, vivências em grupos e no fortalecimento de relações.
“O Colégio me proporcionou essas amizades e me influenciou para que me tornasse a Lívia que sou hoje. Eu carrego a questão humana do João XXIII. A pessoa que sou hoje, não seria a mesma se eu não tivesse estudado aqui“, destaca Lívia.
Ela entrou no João no 1º ano do Ensino Fundamental e ficou até a formatura do Terceirão no Ensino Médio. Ela relata que estudou com os mesmos colegas até o 4º ano e que no 5º ano teve a primeira mescla de turmas, porque precisavam diminuir de 5 para 4 turmas. Ela tinha dois receios, não permanecer com seus amigos e a troca de turno, pois passariam da tarde para a manhã.
“Lembro que no 4º ano estava todo mundo tenso com essa mudança, porque eles nos deram um papel para preenchermos com os nomes de 2 colegas que gostaríamos que permanecessem com a gente. Fiquei muito nervosa porque me dava bem com todos meus colegas e tinha medo de não irem todos para a mesma turma. No final, ficou praticamente todos e com acréscimo de novos colegas. E, essa turma do 5º permaneceu a mesma até a formatura no Terceirão.”
Quando foi para o turno da manhã, se sentiu mais velha. Isso não quer dizer que não tenha tido dificuldades de adaptação. Para ela, o mais difícil foi em relação às provas, que passaram a ser separadas por matéria. E essa dificuldade apareceu na disciplina de inglês, com o professor Matheus, com a sua primeira recuperação, mesmo fazendo curso de inglês fora do Colégio.
“Foi muito atípico e eu fiquei triste, chocada e meu mundo desabou. Essa foi a única recuperação que peguei no Colégio. Lembro que rasguei a prova e saí da aula. O professor teve que ir atrás de mim porque eu precisava trazer a prova assinada pelos meus pais. Acho que meu desempenho foi prejudicado pelas mudanças que tive do 4º para o 5º ano. E na recuperação eu gabaritei a prova.”
A Lívia lembra que depois dessa experiência e choque de realidade, nunca mais pegou recuperação e passou a ajudar seus colegas até o Terceirão, na disciplina de inglês, tirando dúvidas e dando aulas particulares. Outro professor que deixou sua marca foi o Bob, de música. Antes de entrar no João, ela frequentava uma escola de educação infantil na qual o Bob dava aulas de música para ela e seu irmão. E quando veio para o Colégio, aconteceu esse reencontro que foi muito marcante. Assim como o Matheus e o Bob, a professora Marisa, do 3º ano, também deixou boas lembranças em sua trajetória escolar.
“Lembro que a Marisa era monitora e foi promovida e nós fomos a primeira turma dela. O carinho que tínhamos por ela, ela por nós, era recíproco. Ela era muito acolhedora.”
E não só os professores foram lembrados com carinho, a Lu e o Jorge, profissionais que trabalham na portaria, também. Eles eram suas companhias todas as tardes, enquanto esperava sua mãe buscá-la no Colégio.
“Eles eram meus companheiros e tornavam a espera pela minha mãe mais tranquila. Inclusive, a Lu era tão especial que foi a funcionária homenageada na nosa formatura do Terceirão.”
Foram tantas pessoas, momentos e lugares especiais, que fica difícil elencar todos. Nossa ex-estudante costumava frequentar a sala da Rosinha, porque ela e seus colegas causavam confusão porque não queriam voltar para a aula depois do recreio e se escondiam pelo Colégio.
“Eu aproveitei muito no Colégio entre o 1º ao 4º ano, apesar da minha rebeldia. Eu e meus amigos íamos para o pátio dos anos iniciais no recreio e brincávamos de escalar o barranco e depois escorregar. Voltávamos com os uniformes sujos para a aula. Mas também teve momentos em que íamos para lá apenas para sentar e conversar. Depois dessa fase rebelde eu me aquietei“, relembra Lívia.
Talvez a calmaria tenha vindo após a saída da sua melhor amiga Yasmin do Colégio. Foi um momento triste e complicado para ela, principalmente na formatura do Ensino Fundamental.
“Eu e a Yasmin estudávamos juntas desde os 2 anos, éramos da mesma escola de educação infantil e viemos para o João juntas e ficamos na mesma turma do 1º ao 9º ano. Então, me senti um pouco perdida sem saber o que fazer sem ela. Por isso, a formatura que era pra ser um momento feliz, era a despedida dela, foi muito triste. Mas o melhor é que somos amigas até hoje.”
A vida da Lívia sempre foi agitada e artística. Ela fez ginástica olímpica, handebol, aula de circo e de teatro aqui no João. Ela diz que a 1ª série do Ensino Médio foi um dos melhores momentos da vida dela, apesar da saída da Yasmin do Colégio, porque seus colegas faziam com que se sentisse melhor, cuidada e acolhida. E, com isso foi criando novos vínculos.
“Foi um ano de descobertas e a gente criou um grupo muito legal e eu me dava bem com os guris. Estávamos entrando na adolescência e começávamos a nos descobrir e aproveitamos cada momento dessa fase no João”, recorda Lívia.
Um dos momentos em que ela mais aproveitou com os colegas foi a gincana. Uma das tarefas era montar uma coreografia baseada num filme, como ela fazia aula de dança fora do João, ela montou a coreografia do filme Aladim que ficou muito boa, de acordo com ela. Apesar de ser muito artística e ter feito dança, ela não via como uma possibilidade de profissão. Ela não se via dando aulas de dança ou competindo. Ela queria fazer algo em que pudesse ajudar as pessoas.
“No Terceirão eu estava muito perdida, não tinha ideia do que ia fazer na faculdade. Minha mãe falou: como tu fez dança a vida toda, porque não faz fisioterapia, aí tu junta o movimento e o cuidado com as pessoas. Achei interessante e nem pensei muito e escolhi a fisioterapia. Foi um caminho natural porque eu gostava das aulas de biologia do Colégio e elas me despertavam interesse.”
Outro momento marcante para a Lívia, foi a gincana, que aconteceu umas semanas antes da formatura do Ensino Médio. Durante uma comemoração ela rompeu o ligamento do tornozelo e decidiu seguir na gincana. Ela diz que não se arrepende da escolha que fez, mas a Lívia de hoje, estudante de fisioterapia, diria para a Lívia do Terceirão que ela deveria ir ao médico porque a coisa não estava boa, já que o tornozelo estava roxo e inchado.
“Fiz a escolha certa. Curti cada momento da gincana. E na Festa das Tintas eu estava de bota e tive que ensacar para não sujar e na formatura eu tirei a bota e usei uma tornozeleira para proteger.”
A nossa ex-estudante se formou em dezembro de 2021 no Ensino Médio e no ano seguinte fez cursinho pré-vestibular. O início da vida acadêmica dela foi de muitas escolhas e decisões difíceis, foi aprovada na UFSC em Araranguá, onde cursou duas semanas, quando foi chamada na UFCSPA e na UFRGS. Ela optou pela graduação em fisioterapia na UFCSPA, onde entrou através do SiSU, em 2023. Atualmente, a Lívia está no 6º semestre e sua percepção sobre as pessoas mudou e o Colégio também tem influência nessa construção.
“O Colégio me deu liberdade para que eu me desenvolvesse e me descobrisse da forma que sou. E sendo estudante da área da saúde, eu consigo enxergar as pessoas com esse lado mais humano. Eu não vejo aquela pessoa só como mais um paciente. E o João conseguiu me passar isso, de enxergar além do que está ali. A liberdade de ser quem tu é, é algo muito característico do João”, destaca Lívia.
Depois de 4 anos, ela retorna ao João com uma missão diferente, dar entrevista sobre sua trajetória escolar e acadêmica para a série “Por onde anda” e nos conta o que sentiu:
“É estranho e ao mesmo tempo nostálgico voltar ao Colégio para contar foi minha jornada. É sempre bom falar sobre esse lugar que passei tanto tempo da minha vida. Dar entrevista é reviver minha história e reencontrar as pessoas que eu adoro. Isso aqueceu meu coração.”
Foram tantas recordações que o Colégio deixou, que fica difícil para a Lívia listar todos. Mas de uma coisa ela tem certeza, de que aproveitar cada oportunidade e momento no Colégio contribuirão para a construção da história de cada um.
“Aproveitem cada segundo que vocês têm aqui no João. Porque parece que o momento que a gente está vivendo não é nada importante e quando a gente olha para trás percebe que ficou a saudade. Hoje sinto falta dessa época, porque eu era acolhida e as pessoas gostavam de mim e eu tinha meus amigos.”
Sobre as amizades que ela fez no João e que levou para vida, ela destaca o Thales, que estudou com ela do 5º ao Ensino Médio. Ela diz que ele foi um presente e é uma das melhores pessoas que conhece e que tem um coração enorme. Assim como a Bela (Isabela Andrade), que esteve junto com ela do 2º ano do Ensino Fundamental até o Terceirão, e a Antônia Glashester que ama de paixão, o Vítor e a Camile. Ela fala com um grande sorriso e os olhos brilhando:
“A sensação que eu tenho é de que realmente aqui era uma colônia de férias, porque eu vivi tantos momentos bons ao lado dos meus amigos e me divertia tanto, que parecia que eu estava de férias o ano inteiro. E o João XXII é único, não existe outro Colégio igual.”














