… ex-estudante Maria Clara Lisboa-Ward
Atualmente, a ex-estudante Maria Clara mora no Catar, país do Oriente Médio e um dos mais ricos do mundo, considerando sua renda per capita. O motivo dela ter ido para lá foi por ter ganho uma bolsa de estudos, através de uma parceria entre a Qatar Foundation (Fundação Catar) e a Northwestern University in Qatar, através de um programa de empréstimo que cobriu 50% dos seus estudos. Para completar, a família da Maria Clara contribuiu com 5% e os 45% faltantes foram pagos por uma bolsa de estudos.
“Eu queria muito estudar Northwestern University in Qatar. Local onde me formei no dia 5 de maio desse ano em jornalismo. Então, quando eu fui para os Estados Unidos (EUA) cursar uma parte do ensino médio, aproveitei para visitar a faculdade. Acabei me interessando pelo programa “Global Media Experience” e descobri que tinha um campus da universidade no Catar. Me inscrevi e fui selecionada para estudar aqui com a bolsa”, nos conta Maria Clara.
A bolsa funciona como empréstimo, mas se o estudante trabalha numa das empresas parceiras, ele fica isento de pagar o empréstimo, desde que trabalhe por 3 anos ou mais na empresa. Ou seja, nossa ex-estudante não precisa pagar os 70 mil dólares devidos. Aqueles que não trabalham para uma empresa parceira, contribuem com 15% do seu salário até terem sua dívida paga. É importante destacar que a dívida não aumenta com o passar dos anos. O valor devido é o mesmo do início ao fim, até ser quitada. É um programa atrativo, que não cobra juros e que ajuda estudantes que quiserem estudar e futuramente trabalhar lá.
Nossa ex-estudante destaca a importância do envolvimento do Colégio no processo de vestibular e aprovação na universidade americana do Catar. Tudo começou em 2020, quando concluiu o ensino médio no João XXIII. As turmas não tiveram formatura por causa da pandemia da COIVD-19, mas puderam participar da famosa e tão esperada pintura do muro. Nesse mesmo dia ela recebeu o aviso de que tinha sido aprovada para a universidade do Catar.
“Para me matricular na universidade, precisava enviar um perfil do Colégio e uma carta de recomendação. E eu lembro com carinho da carta escrita pelo professor Matheus de inglês, que me tocou muito. Ele me acompanhou do 8º ano ao final do Ensino Médio. Portanto, tinha muito afeto ali, não era algo automático ou um simples template. Receber esse apoio do professor e do Colégio, foi fundamental para a realização do meu sonho. Estudar no João representou o potencial de uma independência maior. Eu sempre tive uma vontade muito grande de estudar no exterior e no João pude participar de atividades que me permitiram desenvolver a liderança e a habilidade de trabalhar em grupos”.
Em 2019, ela entrou para o Grêmio Estudantil do João (GEJ), através de uma chapa que foi considerada revolucionária e de oposição. O Grêmio Estudantil planejou atividades e iniciativas variadas. E numa dessas iniciativas, ela acabou entrando para o Conselho de Alunos do Colégio (CA), representando o GEJ. Nessa posição, teve a oportunidade de participar de um ambiente, predominantemente, formado por adultos.
“Eu amava estudar no João, era onde eu me sentia em casa e à vontade para ser quem eu era. E isso ficou evidente quando eu pude contribuir no CA, através da minha voz, e senti que eu era bem-vinda naquele espaço e que a minha opinião era importante. Foi um grande momento, porque participei de forma ativa na construção do Colégio e do FeiJoão. Isso tudo representou o que é o João e o quanto ele foi essencial para minha jornada escolar e minha formação, porque eu pude desenvolver minha autonomia. E eu tive a sensação de que de alguma forma eu toquei o coração das pessoas”, destaca a ex-estudante.
Entre 2018 e 2020, ela estava no Ensino Médio e gostava de aproveitar os recreios ao ar livre, para pegar sol e lanchar com os colegas. O Colégio era um lugar seguro onde podiam aproveitar esses momentos e criar vínculos com os colegas e professores.
“A relação com os professores era muita bonita. Eu gostava de conversar com eles e aproveitar esses momentos que o João proporcionava. Tudo ia muito além de simplesmente ir para o Colégio estudar”.
Em plena pandemia, em 2020, ela se formou no Terceirão e no último dia de aula recebeu a notícia de que tinha sido aprovada para a universidade no Catar. Em agosto de 2021 ela se mudou para o Catar, em pleno verão de 46 graus. Passou por um período de adaptação, crescimento e superação de desafios. Em maio de 2022 ela se inscreveu num programa da faculdade e foi selecionada para passar uns dias em Dubai conhecendo empresas de comunicação e mídia, entre elas a CNN. Ela também assistiu e esteve envolvida diretamente com a organização do Movimento Verde e Amarelo (torcida brasileira) na Copa do Mundo do Catar.
Em dezembro de 2022 ela ficou noiva de um professor britânico que conheceu no Catar e na metade de 2023 se casaram. Então, ela volta ao Catar como estudante e esposa. Por isso ela não poderia mais morar no dormitório da faculdade, porque era somente para mulheres. Passaram a morar juntos numa casa no bairro Pérola, de frente para o mar.
Em 2024 a Maria Clara entrou num programa de pesquisa da faculdade “Institute for Advanced Study in the Global South Undergraduate Fellowship” sobre mobilidade e ela teve a oportunidade de ir para o Rio de Janeiro para realizar a pesquisa na Favela do Vidigal, com todas as despesas pagas. No último ano, ela focou na conclusão da pesquisa e na preparação para a formatura.
“Participar do programa foi fundamental para minha jornada na área da comunicação. Através da minha faculdade, entrei num programa chamado Residência de Jornalismo, para trabalhar numa empresa de comunicação. Na qual pude me desenvolver ainda mais na área de jornalismo, com o uso de dados para estratégias de comunicação. Me apaixonei pela área de publicidade e propaganda e relações públicas”.
Ela estabeleceu diversas conexões e antes da formatura foi contratada para trabalhar na área de dados e estratégia em comunicação. Maria Clara ressalta que não pensa em sair do país e que lá é muito seguro.
“É um privilégio fazer o que amamos e conviver com pessoas que são de vários locais do mundo. É muito lindo ver a diversidade de cultura aqui. Nossos amigos são do Baren, Catar, Afeganistão, Escócia, Inglaterra, Austrália, Estados Unidos, Turquia, Líbano e da África do Sul. E nesse mundo que é muito dividido eu valorizo estar num lugar em que os valores do país são bem definidos, a diversidade prevalece e o diálogo é priorizado. Sou apaixonada pelo Catar e digo pra todo mundo que o Oriente Médio deve ser pensado como possibilidade, porque a economia tem crescido e a riqueza cultural é enorme. Tem ótimas faculdades aqui e o sistema de graduação fora do Brasil é mais amplo e fluído. Quem tiver essa oportunidade, aproveite porque é transformadora e ajuda na construção do caráter”.
É importante ressaltar que estar atento e aberto ao aprendizado, ajudará na construção da trajetória acadêmica e profissional. Determinação, dedicação, disciplina, educação e alegria, fazem parte desse processo e ajudam a criar e a manter boas relações.
“Ninguém vai nos ajudar durante a jornada se não nos relacionarmos bem, se não sorrirmos, demonstrarmos carinho e determinação. E ela pode nos levar a lugares, mas precisamos entender onde estamos e onde queremos chegar. A nossa jornada é individual e precisamos ser realistas sobre nossas habilidades e entender o que o nosso trabalho pode fazer pela gente e o que a gente pode fazer para realizar o nosso sonho”, afirma nossa ex-estudante.
Por Renata Lages A. Eberhardt









