Por onde anda…

… a ex-estudante Mariana Menezes

A ex-estudante Mariana Menezes do Colégio João XXIII, anda deslizando com seu skate pelas ruas de Paris depois de conseguir uma vaga no programa de dupla diplomação com bolsa de estudos. Através de um convênio entre a UFRGS e a universidade francesa Écoles Centrale (conhecidas por formarem líderes e grandes administradores em diversos setores da indústria, cientistas e políticos renomados). Écoles Centrale é um grupo composto por grandes escolas e que tem entre elas a Centrale de Sepelec, segunda melhor escola de engenharia da França e a 1ª em empregabilidade, para onde Mariana conseguiu a tão disputada vaga. Também integram esse grupo a Centrale de Nantes, de Lyon, Lilles e Marseille.  

A Centrale Sepelec oferece duas modalidades para a dupla diplomação, uma delas é cursar o 1º e o 2º ano juntos, opção escolhida pela Mariana, e a outra fazer o 3º e 4º ano. O processo de seleção para o programa inicia com a inscrição para a dupla diplomação, seguida pela escolha de um dos tipos de bolsa, a Eiffel oferecida pelo governo francês e a Brafitec. Após a aprovação no processo seletivo para a dupla diplomação, a própria escola francesa decide se encaminha o currículo do estudante ou não para a seleção da bolsa Eiffel. Entre os critérios para o recebimento da bolsa estão as notas e análise de currículo. Por essa razão, é importante ter experiências anteriores na faculdade, como por exemplo ser monitor de alguma disciplina ou bolsista de iniciação científica ou integrar empresa júnior. 

“Eu não fiz todas essas coisas, mas é importante ter feito alguma delas porque agregam e mostram o quanto tu és versátil. Acredito que por eu ter tido alguns prêmios com o skate demonstra que meu foco não é só estudo, que eu tenho outras áreas de interesse e aqui na Europa eles valorizam muito o esporte e atividades culturais”, destaca Mariana Menezes. 

Orgulhosa, nos conta que foi aprovada para a bolsa Eiffel e que com o valor recebido consegue se manter em Paris, região com custo de vida elevado e onde ela reside atualmente.  

Para entendermos como a ela chegou até aqui é importante falarmos da vida escolar dela no João XXII. Um dos destaques dessa trajetória é seu engajamento em debates, os quais ajudaram a formar um pensamento crítico sobre a vida, a ter versatilidade, poder de argumentação e a conversar sobre os mais variados assuntos com pessoas que pensam diferentemente dela.  

“Ir para a aula sempre era motivo de alegria, porque eu sabia que ia encontrar os meus amigos e ia ter aulas muito legais. Eu sentia de verdade que o colégio era a minha segunda casa. Lá era um espaço onde eu me sentia bem e que podia ser eu mesma. Estudar no João XXIII sempre representou para mim um crescimento pessoal que vai muito além de só estudar os conteúdos dentro da sala de aula, até porque o método de ensino do João é muito diferente dos outros colégios e nele a gente aprende a se preparar para vida de verdade, não só sobre aprender a fazer uma prova, escrever uma redação. O Colégio sempre incentivou a sermos criativos e livres e isso é muito importante para o nosso crescimento”

Em relação aos campeonatos de skate, Mariana destaca que o João foi muito importante para que ela se tornasse atleta, porque por diversas vezes ela viajava para competir em semana de provas e o Colégio permitia que ela recuperasse as aulas e provas quando retornasse dos campeonatos. Esse apoio foi o diferencial para que ela se dedicasse ainda mais aos estudos e conquistasse o mérito acadêmico.

“Eu nunca deixei os estudos de lado mesmo com os campeonatos. Eu sempre gostei muito de estudar e de ir atrás dos conteúdos e de saber mais sobre as matérias. O estudo não é só uma obrigação, mas ele também pode ser muito divertido. É muito bom ter essa bagagem de conhecimento. Foi numa Feira de Profissões do Colégio que eu pude conhecer melhor os cursos de graduação e a pesquisar sobre as engenharias, área que eu tinha grande interesse, porque sempre gostei muito de matemática, física e química. Meu interesse por essas disciplinas com certeza veio das aulas que eu tive no João, porque os professores eram muito bons e fizeram essas matérias, que são vistas como difíceis, parecerem fáceis e divertidas. Isso fez com que eu me interessasse e não tivesse medo dessas disciplinas”

Ao iniciar o curso de Engenharia Civil, na UFRGS, ela ficou sabendo do intercâmbio numa modalidade mais específica que é a dupla diplomação, no qual os estudantes precisam cursar dois anos de estudos em uma universidade credenciada no exterior, e ao retornar para a universidade de origem segue cursando as disciplinas que faltam. Após a conclusão da graduação, o universitário recebe o diploma das duas universidades. Mariana diz que isso fez brilhar os olhos: 

“Não era só uma oportunidade acadêmica, mas de uma vivência cultural diferente da nossa e de poder viajar. E eu me esforcei muito para passar nesse programa de dupla diplomação. A nota era um critério para conquistar a vaga no programa e eu, como estudei muito desde criança, percebi que era capaz de atingir meu objetivo. Então, não basta ter nota boa, tem que ter um bom currículo e experiências fora da sala de aula também. Durante a faculdade eu tive algumas bolsas, entre elas a de popularização da ciência, de iniciação científica. A faculdade não é só sobre aulas, é sobre tudo que tu podes fazer ou participar extraclasse, como o Diretório Acadêmico, atividades culturais e esportivas. Tem que achar o equilíbrio entre elas. Porque no final serão as tuas vivências que vão te tornar um profissional diferenciado.  Eu aprendi a dar valor para tudo que aprendi no João, porque o ensino da faculdade é muito diferente e aqui na França também. O Colégio me oportunizou experimentar coisas diferentes, conhecer diversos esportes e escolher o que mais gostava. Além disso, me ensinou a ter esse olhar crítico e a moldar a pessoa que sou hoje”. 

A dica da Mariana para os futuros atletas é que se tem algum esporte que goste de praticar, tem que ir atrás, treinar e participar de campeonatos. Não é sobre perder e ganhar e sim pelo crescimento. É importante aprender a cair, levantar, ganhar, perder e a cuidar da saúde, do condicionamento físico. No final, tudo é aprendizado. 

Por Renata Lages A. Eberhardt