Durante a Jornada Científica e Cultural de 2021, aconteceram seminários de pesquisa com o objetivo de desenvolver a alfabetização científica (AC). O trabalho foi desenvolvido entre os componentes curriculares de Biologia, com o professor Guy Barcellos, e Química, com a professora Paula Poli, em uma disciplina integrada.
O Projeto ocorreu no Laboratório de Ciências II, na sala 711, e foi realizado com as turmas de 1ª série. Os estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental também realizaram projetos no laboratório, na disciplina de Ciências. Segundo o professor Guy Barcellos, além de serem trabalhados conceitos e fundamentos das disciplinas, os professores buscaram, na integração, ensinar os estudantes sobre história da ciência, métodos científicos, técnicas de pesquisa bibliográfica, de campo e de laboratório, com o intuito de promover a alfabetização científica.
“A AC consiste em preparar a pessoa para ler o mundo com os óculos da ciência, munida de senso crítico e pensamento complexo, ou seja, integrando e religando os conhecimentos no esforço de responder às perguntas de pesquisa. Visto a AC se tratar de um dos objetivos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE e um elemento avaliado pelo PISA, além de ser preconizada em documentos oficiais (DCN’s e BNCC), eu e a Prof. Paula consideramos que seria relevante levar as produções dos estudantes para a Jornada.”
Atividades como esta permite aos estudantes conhecer a história, ciência, conceitos e fundamentos científicos, ter familiaridade com os métodos emancipa para criticar, criar e pensar complexo. O principal conceito dos seminários é o de pluralidade de métodos científicos. Os jovens do João XXIII puderam entender que Existem vários caminhos para responder as perguntas sobre a natureza, o que eles têm em comum é que os fazemos ao andar (científico). É um exercício de pensamento complexo, pois permite compreender um fenômeno com a religação dos saberes de diferentes disciplinas.
O professor ainda constata que é possível melhorar o mundo e mudar a sociedade através da AC, mas sem qualificação do pensamento, sem rigor metodológico e sem conhecimento epistêmico, as ações são estéreis. “Em uma época de recrudescimento de obscurantismos e fundamentalismos, o contato com a vivência científica, com a arte e com a cultura são formas de oxigenar as mentes para que se possa humanizar a sociedade e proteger a biosfera. Além disso, a vivência pela pesquisa permite que cada um aprenda em seu ritmo, de acordo com sua curiosidade epistêmica e possa se tornar autor da aprendizagem”, salienta.
Segundo os professores, durante os seminários houve uma série de trabalhos de naturezas muito distintas, tais como:
1ª Série –
- Restauração e preservação de papel;
- Aprendizado de Ciências em crianças sob uma perspectiva piagetiana;
- Experimentos sobre crustáceos aquáticos expostos a agrotóxicos;
- Experimentos sobre ciclos biogeoquímicos;
- Modelagem de geodos sintéticos;
- Testes sobre oxidação de metais e métodos para revertê-la;
- Modelagem de fósseis sintéticos;
- Experimentos sobre ciclo do Nitrogênio e do Fósforo em aquário;
- Produção de caviar falso (esferificação);
- Elaboração de uma mini-estação meteorológica com Arduino;
- Produção de dioramas sobre a origem da vida na Terra;
- Eletroforese de proteínas;
- Estudos de campo sobre o sono dos cavalos;
- Extração de óleos vegetais;
- Estudos teóricos sobre fé e ciência, entre outros projetos.
7º ano –
- Experimentos em fisiologia de vegetais em condições de mudança climática;
- Modelo conceitual e funcional de usina hidrelétrica;
- Modelagem de fósseis;
- Produção de Microcrafias;
- Experimentos sobre crescimento de vegetais;
- Experimentos de eletromagnetismo (galvanômetro);
- Experimentos de eletroflotação para despoluição de água contaminada por tinta;
- Produção de micrografias de células vegetais fazendo mitose;
- Experimentos com vegetais e chuva ácida;
- Produção de coleção com exsicatas de insetos;
- Experimentos para quantificação de vitamina C em diferentes alimentos;
- Criação de dáfnias e produção de mini-ecossistemas (terrários).
O maior enriquecimento da experiência, para Guy Barcellos, é mostrar aos estudantes que todos são capazes de criar, indagar e tentar responder, que o erro nos ensina e nos auxilia a refletir e que o caminho do conhecimento é lúdico, poético e fascinante. O intuito não é formar cientistas, mas oportunizar a vivência da pesquisa como exercício de formação intelectual, cidadã, ambiental e humana. “O que tentamos mostrar, em suma, foi a máxima de Goethe: conhecimento sem alegria não passa de idiotice. Acima de tudo, o que se visou com este projeto foi, ao mesmo tempo que nós nos divertimos em experimentos e estudos, aprender a fazer perguntas científicas, desenhar o projeto, fazer o processo de verificação bibliográfica, estabelecer objetivos e meios para atingi-los, testando hipóteses e tirando conclusões, ou seja, todos os passos da alfabetização científica”, finaliza.