Cores da humanidade: estudantes do 5º ano fazem uma reflexão sobre a cor da pele nas aulas de Artes

A professora de Artes Clarisse Normann iniciou o ano letivo com um projeto engavetado desde 2019, quando visitou, na Fundação Iberê Camargo, a exposição fotográfica “Humanae”, da artista Angélica Dass. A mostra apresentava uma reflexão direta sobre a cor da pele, documentando as verdadeiras cores da humanidade em vez das etiquetas falsas “branco”, “vermelho”, “preto” e “amarelo” associadas à raça. 

A proposta da fotógrafa busca demonstrar que o que define o ser humano é sua singularidade e, portanto, sua diversidade. Na exposição, o fundo de cada retrato é matizado com um tom de cor idêntico a uma amostra de 11 x 11 pixels tirada do nariz do sujeito e emparelhada com a escala industrial Pantone. 

“Com a chegada da pandemia, deixei essa proposta de lado até encontrar o momento ideal de colocá-la em prática, que ocorreu com o surgimento do Projeto João de Todas as Cores”, explica Clarisse. A professora propôs que cada estudante pintasse, em uma folha A4, o seu tom de pele utilizando as cores marrom, branco, amarelo, vermelho e preto. Foi em sala de aula que os próprios alunos perceberam o quanto os projetos estavam relacionados. 

A cada encontro, a professora conversava com os alunos sobre a diversidade enquanto eles se concentravam na atividade proposta. “Foi lindo perceber tantas tonalidades, que percorrem semelhanças e diferenças. E percebemos também que é impossível chamar apenas um lápis de “cor de pele”, algo muito comum até bem pouco tempo atrás”, destaca Clarisse. Ela mesma fotografou os tons de pele dos estudantes. Com as fotos impressas, eles observaram as variações de cores, e cada turma foi convidada a eleger uma palavra-chave que pudesse definir o projeto “Humanae” de cada turma. 

Depois de tantas reflexões, as turmas e a professora perceberam que esse papel – com a cor da pele de cada um – merecia receber uma arte muito especial. “Na medida em que cada aluno sente que se apropriou de uma ideia, transfere então o desenho  – e/ou escrita – para o papel com a cor da sua pele. E, aos poucos, vão surgindo os contornos e acabamentos com caneta preta”, relata a professora. Esta etapa está em fase de finalização e em breve o trabalho será exposto para toda comunidade escolar.