Jornada Literária: “Este livro convida as pessoas a olharem o mundo de outra forma”, afirma Itamar Vieira Jr. sobre ‘Torto Arado’ a estudantes do EM

Na manhã desta quarta-feira, as turmas da 1ª Série do Ensino Médio participaram de um encontro virtual com o escritor Itamar Vieira Jr. no auditório da escola. O bate-papo contou com a presença das professoras Rayssa (Literatura) e Andréa (Português), além da bibliotecária Cyntia.

Após uma breve apresentação, os(as) estudantes puderam fazer perguntas ao autor. Itamar começou respondendo que a inspiração para escrever o premiado livro “Torto Arado” veio da própria literatura, com a leitura de romances de autores nordestinos das décadas de 1930-1940 sobre a vida no campo no interior do Brasil. “Como funcionário público, percorri o interior da Bahia e do Maranhão e percebi que os problemas sociais apresentados nos romances continuavam a existir no interior do Brasil”, afirmou, ao dizer que a vida, talvez, seja “sua maior fonte de inspiração”.

Sobre ter sua obra adotada em escolas espalhadas pelo Brasil, Itamar contou que é “bom” pensar que há jovens lendo e refletindo sobre a sociedade, sobre as violências. “A literatura nos restitui a capacidade de exercer a alteridade, a empatia, num mundo que ainda não se livrou de muitas amarras, dessas amarras coloniais, racistas, escravistas, [um mundo] que promoveu a morte da alteridade com esses processos”, comentou o autor. Ele ressaltou, ainda, que a literatura é um instrumento poderoso pra ajudar a entender a própria história.

Ao final do encontro, a professora Rayssa falou do talento de muitos alunos do João para as artes: escritas, desenho, canto, e pediu que Itamar desse uma dica àqueles(as) que desejassem escrever. Parafraseando Lygia Fagundes Telles, ele respondeu: “leia, leia, leia”.

Sobre o autor:

Itamar Rangel Vieira Jr. nasceu em Salvador em 1979. Estreia na literatura em 2012, com o livro de contos “Dias”. Em 2017, lança o também premiado “A oração do carrasco”. É autor do romance “Torto Arado”, ganhador do Prêmio LeYa de 2018, do Prêmio Jabuti de 2020, do Prêmio Oceanos de 2020 e do Prêmio Montluc Rèsistance et Liberté de 2024. Atualmente é funcionário do INCRA (Órgão federal voltado à implantação da reforma agrária). Graduou-se em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), sendo o primeiro aluno receptor da Bolsa Milton Santos, dedicada para jovens negros de baixa renda. Tem mestrado e doutorado pela mesma Universidade, tendo pesquisado o tema da especulação imobiliária na cidade de Salvador no Mestrado e estudos étnicos e africanos (pesquisa voltada à formação de comunidades quilombolas na Chapada Diamantina) no Doutorado.

*Matéria atualizada em 25/04/2024, às 08h34